Por que produtos de dados precisam ser projetados para compartilhamento e reuso?

Tempo estimado de leitura: de 15 a 20 minutos.

Como os CxOs Podem Liderar essa Transformação?

🔹Dados Sem Reuso São Dados Subutilizados?

A explosão do volume de dados nas organizações trouxe consigo um desafio estratégico: como garantir que os dados sejam utilizados de forma eficiente e escalável?

Tradicionalmente, os dados são tratados como ativos de alto valor, armazenados em data lakes, data warehouses ou lakehouses. No entanto, sem um modelo claro de governança e consumo, essa abordagem muitas vezes resulta em silos de informação, desperdícios operacionais e baixa acessibilidade. Essa fragmentação limita o potencial estratégico dos dados, dificultando sua reutilização e monetização. Para superar esses desafios, é essencial combinar uma abordagem Data-Driven, que garante decisões baseadas em dados, com uma mentalidade orientada a produtos de dados, que transforma dados brutos em ativos consumíveis e reutilizáveis, impulsionando inovação e geração contínua de valor.

Mas por que essa abordagem é essencial?
• Evita a duplicação de esforços e custos.
• Permite que diferentes unidades de negócio usem os mesmos dados para fins distintos.
• Facilita a criação de um ecossistema de dados mais robusto e colaborativo.

A seguir, exploramos as vantagens do compartilhamento e reuso de produtos de dados e quais elementos-chave são fundamentais para implementar essa abordagem de forma eficaz.

Vantagens de Projetar Produtos de Dados para Compartilhamento e Reuso

Tratar dados como produtos na gestão empresarial não é apenas uma mudança de mentalidade— é uma necessidade para garantir escalabilidade, acessibilidade e eficiência operacional. Embora existam inúmeras vantagens nessa abordagem, destacamos três principais que impactam diretamente a capacidade das empresas de compartilhar e reutilizar seus dados de forma inteligente e estratégica.

1. Eficiência Operacional e Redução de Custos.

Menos duplicação: em vez de diferentes áreas coletarem e processarem os mesmos dados separadamente, um único produto de dados pode ser reutilizado em diversos contextos.
Menos retrabalho: times de ciência de dados e engenharia não precisam recriar pipelines ou ajustar modelos para cada novo uso.
Otimização da infraestrutura: evita desperdício de armazenamento e processamento computacional.

2. Governança e Qualidade Unificadas.

Contratos de dados estabelecem regras de acesso e consumo.
Versionamento e rastreabilidade garantem previsibilidade e controle.
Redução de inconsistências e falhas operacionais ao longo do ciclo de vida dos produtos de dados.

3. Escalabilidade e Integração Entre Domínios.

Produtos de dados são desenhados para diferentes usos e consumidores, permitindo crescimento sustentável.
Integração facilitada por arquiteturas como Data Mesh e Data Fabric, eliminando silos de dados.

06 Elementos-Chave para Implementar Produtos de Dados Compartilháveis e Reutilizáveis

Para que os produtos de dados sejam realmente compartilháveis e reutilizáveis, algumas diretrizes fundamentais devem ser aplicadas em qualquer metodologia de Dados Como Produto.

1. Definir Papéis e Responsabilidades

Para que produtos de dados sejam realmente eficazes e sustentáveis, seu ciclo de vida precisa ser estruturado com papéis bem definidos. Uma abordagem amplamente adotada em ecossistemas maduros de dados categoriza os principais atores desse ciclo em três perfis essenciais:

1️⃣ Produtor de Negócio – Responsável por definir quais dados devem ser coletados, garantindo que estejam alinhados às necessidades estratégicas da organização e tenham valor claro para o negócio.
2️⃣ Produtor Técnico – Cuida da estruturação, qualidade, segurança e governança dos dados, assegurando que eles sejam acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis para diferentes finalidades.
3️⃣ ConsumidorRepresenta os stakeholders que utilizam os produtos de dados para tomada de decisão, automação de processos, inteligência artificial ou inovação, garantindo que os dados sejam aplicáveis e tragam impacto real.

Essa segmentação permite que os produtos de dados sejam desenvolvidos de forma estratégica e escalável, promovendo um fluxo contínuo de valor: dados são gerados com propósito, governados com rigor e consumidos de maneira eficiente.

A seguir, exploramos os papéis e responsabilidades fundamentais para garantir que produtos de dados sejam compartilháveis, reutilizáveis e alinhados à filosofia de Dados Como Produto.

Papel Responsabilidade
Data Product Owner
(DPM)
Define, prioriza e gerencia o ciclo de vida do produto de dados, garantindo que ele seja acessível, governado e reutilizável.
Data Steward Mantém a qualidade, padronização e conformidade regulatória dos dados, assegurando governança e segurança.
Data Engineer Projeta e otimiza a infraestrutura de dados, garantindo escalabilidade, automação e eficiência no compartilhamento e reuso dos produtos de dados.
Data Architect Define a arquitetura de dados e padrões de interoperabilidade, assegurando integração eficiente entre domínios e plataformas.
Data Consumer Utiliza os produtos de dados para tomada de decisão, inovação e desenvolvimento de novos modelos de negócios, validando sua usabilidade e impacto.

2. Arquiteturas Habilitadoras: Data Mesh e Data Fabric

Para garantir que produtos de dados sejam compartilháveis, reutilizáveis e escaláveis, é essencial que a infraestrutura de dados suporte esse modelo de consumo. Duas das arquiteturas mais discutidas e aplicadas atualmente para viabilizar essa abordagem são Data Mesh e Data Fabric.

Elas não são concorrentes, mas complementares, cada uma abordando desafios distintos da gestão e integração de dados distribuídos.

Tecnologia Descrição Benefício
Data Mesh Uma abordagem descentralizada na qual os próprios domínios de negócio são responsáveis por criar e manter seus produtos de dados, eliminando a dependência de times centralizados de TI. Maior autonomia, escalabilidade organizacional, qualidade e governança.
Data Fabric Uma infraestrutura tecnológica que automatiza a integração de dados distribuídos, conectando fontes heterogêneas sem necessidade de movimentação massiva. Utiliza inteligência artificial e automação para facilitar a descoberta e consumo de dados. Redução da duplicação e movimentação desnecessária, acesso mais rápido e eficiente e Governança e segurança unificadas

Por que essas arquiteturas são fundamentais?

Eliminam silos de dados, tornando a descoberta e reutilização mais eficientes.
Facilitam o consumo de produtos de dados por diferentes áreas de negócio sem fricção técnica.
Criam um ecossistema escalável onde os dados são tratados como produtos desde a sua origem.

3. Governança e Contratos de Dados (Data Contracts)

A governança garante que os produtos de dados sejam seguros, rastreáveis e confiáveis. Contratos de Dados formalizam regras para consumo e compartilhamento, evitando que mudanças inesperadas causem impactos negativos em sistemas dependentes.

 Elementos essenciais da governança:
• Definir SLAs para disponibilidade e atualização de dados.
• Estabelecer padrões para versionamento e compatibilidade de modelos de negócio/dados.
• Implementar RBAC e ABAC (Role-Based e Attribute-Based Access Control) para garantir acesso seguro.

🔹 Ponto de Atenção: sem contratos de dados, alterações inesperadas podem quebrar pipelines, comprometer dashboards analíticos, gerar falhas em modelos de IA e afetar processos automatizados. Isso resulta em inconsistências, perda de confiabilidade e impactos negativos na tomada de decisão. Contratos de dados garantem previsibilidade, versionamento e regras de consumo que protegem consumidores e evitam interrupções operacionais.

4. Automação e Observabilidade: Monitorando o Consumo dos Produtos de Dados

Produtos de dados precisam ser observáveis e auditáveis. Isso significa que seu consumo deve ser rastreável e as métricas devem ser utilizadas para otimizar sua usabilidade.

Boas práticas:
• Utilizar logs de acesso e telemetria para entender como os dados estão sendo consumidos.
• Implementar testes automatizados de qualidade e validação contínua.
• Medir a taxa de reutilização dos produtos de dados, garantindo que estejam sendo efetivamente utilizados.

🔹 Ponto de Atenção: sem automação, processos de ingestão e atualização de dados podem se tornar manuais e propensos a erros, reduzindo a confiabilidade e eficiência operacional. Além disso, sem rastreamento adequado, não há controle sobre o consumo dos produtos de dados, o que pode levar à obsolescência, redundância e desperdício de recursos. Dados sem monitoramento ativo não são apenas subutilizados—podem se tornar inviáveis para tomadas de decisão estratégicas.

5. Adoção Progressiva e Planejamento para Escalabilidade

Muitas empresas falham na adoção de Dados Como Produto porque tentam implementar tudo ao mesmo tempo. A abordagem incremental é essencial para garantir o sucesso.

Fases recomendadas para adoção:
1️⃣ Definir produtos de dados iniciais em áreas estratégicas.
2️⃣ Garantir a governança e acessibilidade desses produtos.
3️⃣ Expandir a abordagem para outros domínios da organização.
4️⃣ Criar mecanismos de automação e escalabilidade.

🔹 Ponto de Atenção: implementações aceleradas sem planejamento estruturado resultam em produtos de dados desalinhados, dificultando sua adoção, gerando desperdício de recursos e falhas operacionais. Sem governança e métricas de ROI claras, como redução de custos e ganho de eficiência, esses produtos podem se tornar investimentos sem retorno. A chave para maximizar o valor dos dados está na adoção planejada e orientada a resultados tangíveis para o negócio.

6. Criar Mecanismos de Interoperabilidade e Acessibilidade

O valor de um produto de dados aumenta quando ele pode ser facilmente integrado a outros sistemas e plataformas.

 Requisitos essenciais:
APIs abertas e bem documentadas para consumo de dados.
Marketplaces internos para descoberta e acesso simplificado.
Ferramentas de catalogação para facilitar a busca por dados reutilizáveis.

🔹 Ponto de atenção: sem interoperabilidade, diferentes times podem criar versões redundantes dos dados, gerando inconsistências, desperdício de recursos e silos de informação. Isso compromete a governança e a confiabilidade das visões. Para evitar esses problemas, produtos de dados devem seguir padrões de interoperabilidade que garantam integração fluida, escalabilidade e eficiência no uso da informação.

O Futuro dos Dados Está no Compartilhamento e Reuso

Os dados não devem ser tratados como ativos isolados, mas sim como produtos projetados para consumo escalável. A capacidade de reutilizar informações de forma segura e eficiente diferencia organizações que monetizam e otimizam seus dados daquelas que apenas armazenam e processam informações sem gerar impacto real.

Pontos-chave para implementação bem-sucedida:
Governança clara e papéis bem definidos, garantindo compliance, qualidade e segurança dos produtos de dados.
Interoperabilidade e acessibilidade via APIs e catálogos internos, permitindo que dados sejam compartilhados e consumidos eficientemente.
Contratos de dados para controle de versionamento e compatibilidade, evitando rupturas e inconsistências.
Monitoramento e observabilidade, assegurando que os produtos de dados sejam utilizados e gerem valor real.
Adoção progressiva e planejamento estratégico, garantindo escalabilidade sustentável.
Arquiteturas habilitadoras como Data Mesh e Data Fabric, que estruturam e viabilizam a gestão descentralizada e integrada dos produtos de dados.

🚀 Se seus dados continuam presos em silos, sua empresa pode estar desperdiçando valor. Está na hora de evoluir para a filosofia de Dados Como Produto!

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Matias Rein é um pioneiro em dados e analytics desde 1995, integrando o time que trouxe o MicroStrategy ao Brasil (hoje Strategy). Formado em Análise de Sistemas (FATEC-SP) e com MBA em Gestão de Projetos (USP), liderou projetos estratégicos em Data Warehouse e BI, expandindo sua atuação para arquiteturas modernas e transformação digital. Empreendedor nato, fundou e gerenciou sua própria empresa. Atualmente, além de liderar alianças estratégicas na Keyrus Brasil, é autor e entusiasta de Dados como Produto, compartilhando conhecimento pelo Blog Data Pill Info e LinkedIn.

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